São Paulo 450 Anos
Poética da Urbanidade - Estudos interculturais
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Materiais para as discussões do Colóquio Internacional de Estudos
Interculturais (2004)
TSCHENSTOCHAU-SÃO PAULO NO PROGRAMA DE ESTUDOS INTERCULTURAIS "POÉTICA DA URBANIDADE" PELOS 450 ANOS DE SÃO PAULO
RECATOLIZAÇÕES E RECONSTRUÇÕES DE URBANIDADES
Tschenstochau, 9 de junho de 2003
Súmula
Com a mudança de paradigmas causada pela transformação política do Leste europeu e com a superação de orientações teóricas de fundamentação marxista volta à tona a questão da natureza dupla da cidade, ou seja, a da cidade de trabalho, da vida ativa, e a da cidade invisível, mental, a da vida contemplativa. Com isso, porém, a questão da espiritualidade volta a ser novamente discutida com mais intensidade.
As categorias de vita activa e de vita contemplativa pertencem,
de fato, ao cerne do sistema de concepções religiosas do Cristianismo.
São fundamentadas na Bíblia e presentes no pensamento teológico,
místico e nas tradições devocionais através dos séculos. Essa
nova atenção que recebe a vida mental das cidades vem de encontro
aos movimentos eclesiásticos que propagam uma reconscientização
geral dos fundamentos cristãos do Ocidente e uma recatolização
da Europa. De fato, os conceitos de vida ativa e vida mental,
relacionados com as alegorias da cidade terrena e da cidade celestial,
são próprios ao Catolicismo. A cidade celestial, sobretudo, é
considerada como imagem da Igreja. Segundo a tradição do pensamento,
é ela que deve ter preponderância sobre a cidade terrena.
A tendência de superação do unilateralismo causado pelas doutrinas
materialistas e que viram na cidade apenas ou primordialmente
a cidade material e a cidade do trabalhador leva hoje à valorização
da cidade mental. Com isso, fortalece-se naturalmente sobretudo
tendências marianas no âmbito do Catolicismo, uma vez que Maria
está teologicamente relacionada com a Igreja e com a vida espiritual.
Os grandes centros de devoção mariana adquirem hoje novo alento
r função simbólica de grandes conseqüências.
Importante tarefa das reflexões científico-culturais seria procurar
aqui manter a necessária distinção entre os conceitos de cunho
sistemático das duas vidas da cidade, com todas as suas possíveis
transcedências, e as suas interpretações religiosas na tradição
católica. Apesar de todas os elos em comum, até mesmo das bases
análogas das concepções, deve-se ter aqui o cuidado especial de
se não criar equivalências. Pelo contrário, um dos objetivos das
reflexões culturais e urbanológicas deveria ser o de contribuir
à elucidação esclarecedora de conceitos estruturais e sistemáticos
que, pela sua personalização em forma de alegorias, ou seja, pelo
peso dado à narratividade, passaram a fazer parte do sistema de
concepções religiosas.
Antonio Alexandre Bispo