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Poética da Urbanidade - Estudos interculturais
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Dubrovnik
Materiais para as discussões do Colóquio Internacional de Estudos Interculturais (2004)

 

DUBROVNIK-SÃO PAULO NO PROGRAMA DE ESTUDOS INTERCULTURAIS "POÉTICA DA URBANIDADE" PELOS 450 ANOS DE SÃO PAULO

ÍNDOLE DE REGIÕES E CIDADES
Dubrovnik, 30 de setembro de 2003

Súmula

 

No sistema integral de concepções do mundo antigo, a percepção da índole das regiões e zonas desempenhava importante papel. Esta era uma das tarefas dos médicos, considerados como filósofos do corpo, e que para tal aplicavam conhecimentos obtidos do estudo da geometria. Este fato parece indicar que sobretudo critérios geométricos teriam servido para a análise e qualificação de áreas geográficas. Dava-se particular atenção à medida e à proporção.

A origem histórica ou mítica de cidades pode, assim, contribuir às tentativas de conhecimento da índole detectada nas respectivas regiões e, no caso de continuidade histórica, ao estudo histórico das características de sua urbanidade.

Esse é o caso de Dubrovnik, conhecida no mundo românico também pelo nome italiano de Ragusa. Situada no sul da Dalmácia, na Croácia, no litoral do Adria, aos pés da serra de Sergius, a cidade se alarga à frente de uma saliência rochosa. A beleza, a disposição topográfica e as condições climáticas da região parecem ter determinado a escolha do local. Segundo a tradição, Dubrovnik teria sido um novo Epidauros, tendo sido assim denominada por exilados gregos vindos do Peloponeso ao redor de 615 a.C..Tudo indica, portanto, que motivos médico-experimentais desempenharam um papel na edificação da cidade, uma vez que escola médica de Epidauros baseava-se sobretudo em procedimentos empíricos.

A atual Dubrovnik tornou-se colonia romana no ano de 164 a.C. e, na época cristã, sede de bispado no ano de 530 e arcebispado em 980. No século VII, exilados eslavos de Epidauros e Salona fundaram Ragusa. Até 1205 pertencente a Bizâncio, passou ao domínio de Veneza, e, mais tarde, em 1385, da Hungria. Dubrovnik foi, no século XV, a "rainha do Adriático" e rival comercial de Veneza. Nos séculos XVI e XVII, passou a ser conhecida como a Atenas eslava pelo florescimento da cultura e das artes. Somente com a ocupação turca e o terremoto de 1667 é que a cidade perdeu a sua importância.

A índole da região, provavelmente um dos fatores mais decisivos que levaram à criação do novo Epidauros, parece ter possibilitado a predominância da vida mental, contemplativa, na urbe. A importância de sua vida religiosa e cultural, manifestada ainda hoje em numerosos monumentos arquitetônicos e de arte, fundamenta essa interpretação.

Antonio Alexandre Bispo

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